- Entra.
- Não tem ninguém ocupando o lugar que era destinado a minha pessoa?
- Não, me enganei.
- Não era ele ou o outros que eram os homens do muro alaranjado?
- Entende que não?
- Esse homem lhe persegue.
- E você o que veio aqui fazer?
- Não percebeu?
- Pisotear em cima do meu fracasso?
- Cansei de ficar sozinho.
- De verdade?
- Sim.
- Já te cansastes de viver na rua?
- Posso entrar? Meus sonhos chegaram ao fim, como tudo, como eu vou chegar.
- Porra, eu passei milhares de algumas boas horas triste por você ter fechado aquela porta, a nossa porta.
- Ainda tenho lugar na sala.
- Podes ter certeza que o seu lugar na minha mesa ainda continua intacto, esperei muito a sua volta, sabia que voltarias, mesmo demorando meses, anos, séculos, você voltaria.
- De verdade sabes que não pensou assim.
- Você é uma criança prodiga que volta aqui pra teu acalanto, e sabes que não terá mais o meu carinho e nem por menos meu acalanto, você não mora mais aqui, seu corpo mora, alma não.
- Me fala de coração isso?
- Podes ocupar meu teto. Podes comer meu pão.
- E o seu coração?
- E o meu coração somente depois de pintar o muro.
- Qual cor?
- Você é homem?
- Homem do muro alaranjado.
- Do meu muro...
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