João sentiu que alguém sentia sua falta em algum lugar, não sabia dizer que e pouco menos onde, decidiu sair pra procurar, agarrou o casaco que lhe cobria de frio, arrumou a velha mala com livros de poesias para recitar para o amor que lhe espera em alguma parte do mundo, pegou a antiga mochila e colocou as únicas coisas que lhe acalmava e colocou dentro o cigarro, seu amigo de angústias, os óculos escuros, a blusa vermelha do Ernesto que ganhará de presente, o isqueiro preto, colocou as botinas no pé, não sabia o que encontraria pela frente, acariciou o cachorro, abraçou o gato, alimentou e amou cada um deles como se fosse a última vez que iria vê-los, colocou telefones importante na agenda negra com coral, apanhou lápis, alguns cds, um rádio de bolso, alguns chapéus e se enfio na calça jeans rasgada, agarrou o violão, catou alguns trocados, saiu, sem dar tchau e entrou na estrada sem avisar e cumprimentar quem passava, sabia que algo lhe esperava, não sabia onde, mas acharia, não sabia como. Passou por viadutos, mortes, carros, amores, declarações de paixão súbita, amou alguns pelo meio do caminho, sem nunca perder o foco e o desejo de encontrar tudo, não sabia onde onde o mundo terminava ou onde começava, alçou voos, cumprimentou passageiras negras de forma única, beijos quentes colecionava, guardou algumas bebidas exóticas, alguns abraços fraternos, ouviu boas músicas, sem nunca deixar de procurar e sem esmaecer, não pensou em voltar para seu acalanto momento algum, não sabia onde parar e nem se pararia, queria encontrar um farol de amor, numa ilha chamada coração, no continente conhecido como pessoa, e continuava... continuava... continuava.. sempre continuava... Sentiu saudades do cheiro das pessoas que o cercavam em seu abrigo, lembrou que trouxe uma peça de vestimenta de cada uma delas, matou a vontade de voltar... Será que volto? Um dia se indagou, será que alguém me espera mesmo? Será que devo continuar, as árvores a bater com o vento só lhe traziam falsas conclusões, falsas esperanças, mas a roseira que aguentava o frio, a noite, o vento respondia que sim, que alguém lhe esperava, colocou novamente a mochila nas costas, a maleta na mão e continuou, avante, nobre caçador de paixão...
Será que existe mesmo um farol a esperar você, João?
Nenhum comentário:
Postar um comentário